quarta-feira, 23 de junho de 2010

Não me bate

Agora a pouco saí para comprar medicamentos e quando saia do carro um sujeito cheio de badulaques me abordou e largou a seguinte pérola: "não me bate". Passado o susto de que fosse um possível assalto, fiquei imaginando a minha expressão facial. Talvez pela vivência e transeunte de alguns destinos desaconselháveis da cidade, eu tenha adquirido uma proteção natural. Em caso de assalto tal expressão não ajudaria em nada. Talvez a indumentária tenha ajudado ou atrapalhado um pouco: casaco camuflado repleto de patches de bandas, touca camuflada e a delicadeza nórdica. Como humanos cometemos atos falhos. Se desculpar, se adiantar sobre uma futura repreenda, não é um bom sinal. Alerta! E ora pois olhando pela janela do estabelecimento vi que o pedinte voltara ao local. Conclui que ele realmente estava disposto a procurar encrenca na madrugada com qualquer pessoa e o escolhido era eu. Pois bem, o que fazer? Na saída o cara aproximou-se e disse: "Desculpa, viu? Eu tava brincando". Adotei o silêncio mesmo com o cara me tirando para bobo. E o infeliz veio na minha direção dizendo que tava trabalhando e tal. Eram 1h40 da manhã e ele queria me mostrar sua arte. No momento em que percebi que ele tinha "pinta" de masoquista, minha imaginação povoou meu cérebro com qualquer tipo de lâmina que o sujeito poderia carregar. Um cara "crackeiro", aparentemente debilitado, mas com uma vontade de encher meu saco, ou quem sabe cortá-lo. A figura me persegue até o carro, nesse momento penso no quanto eu posso perder por afrontar tal criatura, e o que ele perderia. Resolvi proceder com tal diálogo: cara, eu vim comprar um remédio, não quero confusão para nenhum dos lados, vamos seguir nosso caminho numa boa, eu já tinha feito um sinal de não para ti. Ele larga essa: "Valeu então, não precisa ficar brabo que eu não sou bandido", e todo aquele papo de meloso de delinquente. Sou contra a violência, mas pensei num bastão retrátil de metal. Lei da sobrevivência. Tive sorte de não ter nenhum contato físico, não gosto disso, não converso com estranhos, mamãe me ensinou. Se um cara com no máximo 60kg vier te apurrinhar na madruga enquanto tu pesares mais de 80kg, cuidado ele é perigoso e pior ainda se avisa que pode apanhar.

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